Na Mídia
Hoje acordei “gay” e por isso não vou trabalhar…
(Matéria publicada no jornal A Vanguarda de Boa Esperança no ano de 2017)
Inicio o texto com esse título pois só se pode propor uma “cura” para uma doença, e se, algumas pessoas propõem a “cura gay”, estão afirmando que ser gay, é ser doente, concordam?!?
Pois bem! Gostaria de aproveitar o espaço e a oportunidade para esclarecer que a homossexualidade e suas variantes não são uma doença e, portanto, não só os Psicólogos e Psicanalistas, mas ninguém, pode curá-los.
Isso já foi claramente exposto em 1935 por Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, em sua carta a uma mãe que lhe pedia ajuda para seu filho gay. “A homossexualidade não pode ser considerada uma doença. Nós a consideramos como uma variante da função sexual”, escreve Freud, acrescentando que a “Psicanálise pode fazer outra coisa por seu filho, mas curá-lo não. Se ele se sentisse infeliz por causa de milhares de conflitos e inibições em relação à sua vida social, a Psicanálise poderia lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência”. Em sua resposta Freud também lembra que, “grandes homens da antiguidade e da atualidade foram homossexuais, e entre eles, cita, Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc”.
Essa resposta de Freud, datada de 1935, serve para nos mostrar o quanto a Psicanálise contribuiu para a despatoligização da homossexualidade.
Não podemos deixar de observar também a resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia CFP que determina que “os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”. Também pede, entre outros pontos, que os profissionais contribuam “para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas”.
O que nós Psicólogos e/ou Psicanalistas podemos fazer não só pelos homossexuais como para qualquer outra pessoa que se encontra com algum sofrimento e/ou conflito psíquico é acolher tal sofrimento sem, no entanto, prometer uma “cura”, pois essa, se dará por acréscimo.
No mais, o que tenho observado em minha prática clínica, é que os pacientes homossexuais, em sua maioria, não demandam uma cura, e sim, um acolhimento para superarem as sequelas deixadas pelo ambiente homofóbico, e pela homofobia interiorizada, ou seja, a rejeição da própria homossexualidade.
Poder reforçar a aceitação da condição desses pacientes, para que se amem e se aceitem como são, aliviando a dor que vem com o peso dos preconceitos sociais ou do ambiente hostil em que podem estar vivendo sua sexualidade, é minha maior motivação enquanto Psicóloga e Psicanalista.
Vale ressaltar que todo preconceito que imputa sofrimento ao próximo, como a homofobia, parte de pessoas com conteúdos psíquicos que precisam ser trabalhados e a Psicanálise também pode ajudá-los.
Quem quiser ler a carta de Freud na íntegra é só acessar meu facebook na página: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1483622398382712&set=a.460184060726556.1073741828.100002048974815&type=3&theater – também poderá curtir minhas “dicas” diárias.
Bela lembrança
Thaís – uma canção de Amor Maior
(Matéria publicada pelo jornal A Vanguarda de Boa Esperança no ano de 1992)
Tem 13 anos e vive um lindo caso de amor.
Um amor intenso, puro e desinteressado;
que lhe cobra sacrifício e dedicação, mas lhe dá muitas alegrias.
É assim a história de Thaís.
Um dia, uma estrela brilhou e a conduziu até a Creche “Tia Carmem”.
Lá conheceu os bebês. Eles são muitos e adoram carinho.
Thaís não lhes negou este carinho. À tarde depois dos deveres da escola (está na 7º série da EE. Presidente Kennedy) sai de sua linda e confortável casa na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 255, onde vive com os pais Dimas J. Vilela e Lúcia Resende Vilela, dirige-se à Creche e vai dividir seu amor com aqueles pequeninos.
Aí então, começa-se a ouvir a canção do amor maior-Thaís.
Ela canta, brinca, acaricia.
Ela ainda ajuda as babás no banho do bebê.
Ela participa. Está lá. Voluntária.
Ninguém a convidou.
Ninguém lhe pediu nada.
Ela adivinhou.
Seu coração ouviu o pedido mudo da criança carente.
E atendeu.
É Deus lembrando que ainda há esperança de um mundo melhor.
Um mundo com Thaís.
A primeira – mas não a única.
Temos certeza.